top of page

Mãe Domitilde - Trajetória

Mãe Domitilde - Trajetória

Em toda minha vida, no plano material, vinha buscando algo que tocasse meu ser e proporcionasse a paz em meu íntimo. A busca foi intensa e não descobria nada que me fornecesse motivos para viver em um planeta onde há guerras, disputas, e nada é de ninguém.

Deus construiu o universo inteiro até o desconhecido, e eu vinha buscando algo que me trouxesse esperança. Vim de uma família católica, mas não seguia realmente a religião. Fui em busca de várias religiões.

 

Quando tinha sete anos de idade, um médico disse aos meus pais que eu deveria tomar banho de mar, bem cedo, para me curar de bronquite e, todos os sábados, eles me levavam à praia.

 

Em um dia de dezembro, quando eu estava no mar, vislumbrei uma roda bem grande de pessoas e estavam fazendo algo que me chamou a atenção. Eu me aproximei e vi gente pulando, dando gritos, e achei muito estranho tudo aquilo. Então, de repente, desmaiei e, em estado semiconsciente, sem poder me expressar ou mexer qualquer parte do meu corpo, vi, com a visão turva, um homem me benzendo e fazendo um tipo de reza que eu não entendia.

 

Meu pai brigou, me tirou do meio da roda, me levou para casa e, sem um motivo aparente ou explicável, daquele dia em diante nunca mais tive uma crise de bronquite e me curei.

Passaram-se vários anos, e eu sempre procurando e rezando a Deus para que Ele me colocasse em um caminho onde eu pudesse encontrar um sentido para estar neste planeta.

 

Fiz todas as honras determinadas, naquela época, para uma mulher: casei, tive dois filhos. 

 

Após isso, em um momento de minha caminhada, comecei a buscar algo diferente e, às escondidas, procurava algo que eu nem imaginava o que era.

 

Achei um lugar que eles chamavam de “Kardec”. Estudei o Evangelho e me colocaram em uma mesa de desobsessão. Trabalhava muito, todas as quintas-feiras, mas me sentia muito mal com tudo aquilo e ficava cada vez mais depressiva por não encontrar ainda aquilo que me completava.

 

Fiquei lá por mais de 3 anos, quando, simplesmente, sem falar nada a ninguém e sem saber o motivo, não queria ir mais.

Andando ainda em busca de algo que não sabia o que era, em um momento de tristeza e decepções, fui novamente a Praia Grande e, para minha alegria, estava acontecendo uma festa que agora sei que era da amada Mãe Iemanjá.

 

De terreiro em terreiro, achei um índio fabuloso chamado Caboclo Tupi, incorporado em uma médium, que me passou seu endereço. Numa casinha simples, com três médiuns atuantes, Pai Tupi me recebeu de coração.

 

Fiz todas as minhas obrigações. Sou muito grata por tudo que me proporcionou, mas ainda não havia encontrado aquilo que procurava, ainda sentia uma parte vazia dentro de mim, a busca ainda não tinha acabado. Fiquei lá até a dirigente ir embora para sua terra natal, Bahia. Quando isso aconteceu, me senti órfã.

 

Recomecei minha caminhada. Passei por vários terreiros onde fui massacrada, pisada e humilhada, até encontrar Pai João, um preto velho incorporado em uma médium doce, e lá nessa casa fiquei por um ano, aprendendo a fazer muitos trabalhos com velas.

 

Mas, mesmo assim, comecei a caminhar de novo em busca de algo perdido dentro de meu ser.

Busquei uma literatura que me abrisse a visão sobre a Umbanda. Achei um livro que falava sobre energias, o li várias vezes e, ainda assim, não entendia direito o que dizia, ficava confusa.

 

Nesse meio tempo, passei pelo Candomblé, onde “fiz o santo” para Oxalá e Iemanjá.

 

Um dia me revoltei, saí da casa onde tinha feito o santo e caí nas mãos do Sr. Zé Pelintra, em uma casa onde fui bem recebida, mas ele disse que lá não era meu lugar e, sim, que eu arrumasse um espaço para trabalhar com meus guias e montasse meu Congá.

 

Fiquei desorientada e sem rumo novamente, porque nunca imaginei que poderia ser uma dessas pessoas que dirige uma Casa.

Voltei àquele livro das energias, reli e comecei a procurar o autor para que ele me desse algumas explicações do que estava escrito.

 

Depois de algum tempo de busca, ainda faltando algo dentro de mim, em um momento de solidão, depressiva, com minha vida financeira em decadência e vida amorosa em desespero, encontrei o autor do livro, que me recebeu em sua casa com cafezinho. 

 

Muito carismático, me tirou várias dúvidas, me direcionou, me levou em sua garagem, fez um símbolo no chão, colocou algumas velas em cima do símbolo, ajoelhou, rezou, me colocou dentro do símbolo, rezou mais ainda e, cada vez mais, eu me sentia leve e desamarrada de tudo que estava sentindo quando cheguei.

Conversamos muito e ele, com sua paciência e disposição em ajudar, me trouxe à realidade e fez um convite para que eu estudasse, em sua sala de aula, aquilo que ele tinha feito no chão de sua garagem e que me trouxe aquela leveza que estava sentindo.

 

Aquilo que eu não conhecia se chamava “Magia Divina das Sete Chamas Sagradas” ou “Magia Divina das Sete Velas Sagradas”, e aquele autor era Rubens Saraceni. Comecei, então, minha caminhada dentro da Umbanda Sagrada e dentro da Magia Divina.

 

Em 1999, quando comecei minha caminhada de aprendizado com Pai Rubens Saraceni, todos os evangélicos pensavam que o mundo iria acabar. Engraçado tudo isso, porque o mundo começou para mim naquele ano, onde tudo era novidade e a minha vida resplandecia em conhecimentos, não só na espiritualidade, mas me conhecendo intimamente.

Tudo era belo. Com muita alegria, a cada momento eu aprendia sobre a vida e sobre a espiritualidade.

Antes, quando fazia uma pergunta sobre qualquer assunto dentro da espiritualidade, ou não estava na hora de saber ou eu não podia saber.

 

Concluo que os sacerdotes eram orgulhosos e queriam deter o poder do conhecimento para si, ou não sabiam mesmo sobre nada.

 

Hoje, o conhecimento está disponível a todos, através dos livros do Pai Rubens Saraceni, basta se dedicar na leitura.

E foi assim que tudo emergiu lá do meu inconsciente, para colocar em prática tudo que aprendi.

 

Com ele aprendi muito sobre os Orixás, Guias e Protetores, como também sobre Exu e Pomba-Gira, sem falar nos amados Exus Mirins. Aprendi realmente o que é Umbanda.

Estudo a Magia Divina, que é um aprendizado infinito e, dentro disso tudo, me sinto feliz e realizada, porque na espiritualidade, encontrei o equilíbrio, a alegria, a esperança e a ativação de meu “eu interior”, da minha centelha divina que existe dentro do meu ser. 

 

Isso tudo me traz uma forma de vida magnífica, que sustenta minha evolução, sempre com a ajuda de meus Guias Espirituais e as falanges de Exus que me acompanham.

 

Estudei muito e acredito nada saber. A espiritualidade é tão grande que, por toda a eternidade, terei muito a aprender.

Comecei com a Magia das Sete Chamas Sagradas, completei meus 21 Graus na Magia Divina e continuo meus estudos.

 

Fiz o curso de sacerdócio com Pai Rubens, em 1999, e abri uma Casa Espiritual, começando com três médiuns.

Aos poucos, o grupo foi crescendo e hoje estou com mais de 100 médiuns.

Os principais objetivos da Casa é fazer o bem e a caridade, proporcionando aos médiuns e consulentes o entendimento da vida dentro da humildade, caridade, perseverança, amor, tolerância, disciplina e união entre todos.

Temos um grupo de Magia Divina onde os Magos trabalham em benefício do próximo. A casa disponibiliza também estudos de Desenvolvimento Mediúnico e Cursos de Magia.

 

Tenda de Caridade Umbandista Pai Oxalá atua para ajudar no crescimento da nossa amada Umbanda, eliminando os dogmas que foram colocados por pessoas que não entendiam a espiritualidade, e rompendo paradigmas, pois a Umbanda tem fundamentos e é preciso estudá-la para conhecê-la.

 

Assim como existem igrejas católicas, igrejas evangélicas e casas de candomblé, e para cada casa existe um dirigente, diretor ou mestre que dirige do seu jeito, também existem terreiros, centros e tendas de Umbanda com seus mais diversos dirigentes.

 

Então, busquem uma Casa, não pelo tamanho ou beleza, busquem pela índole, pelo amor, pelo respeito, pela fé, pelos ensinamentos, pela evolução e pelo carisma de cada integrante daquela grande família, que é formada por todos seus irmãos, tentando entender a si mesmo e buscando, dentro de si, a felicidade em amar incondicionalmente toda criação de Deus.

Quando você for dormir e, ainda assim, não conseguir tirar o sorriso dos seus lábios, acabar adormecendo com ele em seu rosto e, depois, acordar com ele estampado e conseguir gravá-lo em seu coração, saberá o que sinto em minha vida.

 

O que é, a cada dia, vivenciar a felicidade após cada trabalho espiritual realizado e ainda receber em dobro o que foi proporcionado a cada um que passou com os Guias Espirituais de cada filho de fé que você ensinou e consagrou como um verdadeiro guerreiro de Oxalá.

 

Mãe Domitilde.

bottom of page